quarta-feira, 9 de junho de 2010

A ignorância das classes privilegiadas

A sociedade brasileira contemporânea vive enraizada com a história por seu caráter elitista. Os traços de uma cultura exploradora, onde a minoria detém riqueza e condições mais confortáveis de vida e a grande parte da população enfrenta problemas sócio-econômicos, está presente no ideário das classes sociais privilegiadas. O grande equívoco dessa mínima parcela de ricos é desconhecer que essa segregação econômica gera efeitos colaterais e a desigualdade reflete para todos por diferentes maneiras.
Em diversos setores as pessoas da alta classe econômica procuram se isolar do resto da população. Vemos a necessidade dos ricos pagarem planos de saúde cada vez mais caros, mensalidades escolares em instituições de prestígio, contratos com empresas de vigilância e outros trabalhos que denunciam a carência de confiabilidade nos serviços do governo. Em uma sociedade onde as pessoas procuram acumular riqueza, ser obrigado a pagar por serviços privados gera uma contradição, pois esses direitos são conferidos a todos.
Essa necessidade de pagar por assistências já oferecidas gratuitamente denuncia muito mais a falta de interesse das classes privilegiadas em melhorar esses serviços do que propriamente ineficiência deles. Com a motivação dessa parcela abastada, que dispõe de grande influência na sociedade, os bens públicos alcançariam um novo patamar qualitativo.
Ainda que a sociedade se caracterize por uma pirâmide social, a ignorância de não perceber que a eliminação das desigualdades traz benefícios para todos persiste. A alta classe prefere excluir e reservar-se, ainda que não consigam fechar totalmente os olhos para os problemas que a cerca.
Percebe-se cada vez mais o quão pífio é ver uma massa de trabalhadores desempregados por não estarem capacitados ou não possuir instrução para poder exercer uma profissão. E a situação se agrava quando vemos a importação de mão-de-obra de outros países, aumentando os gastos para oferecer salários suficientemente bons para esses estrangeiros. Os donos dessas empresas não refletem sobre os benefícios que existem em instruir e qualificar o contingente a sua volta que necessita de trabalho. Preferem acreditar na ilusão da superioridade estrangeira ou simplesmente são cegos demais para enxergar um lado positivo nessa capacitação.
O descompromisso é evidente. A alta classe ainda está munida de argumentos preconceituosos e se isola. O que está em jogo não é a desigualdade social em si, mas a ignorância que se arrasta nas cabeças dos mais ricos em uma sociedade que exige mudanças. E tais modificações são diretamente ligadas a essa classe social que faz questão de se esconder em ostentação, soberba e luxúria, mantendo uma sociedade extremamente estática e caótica.
Pedro Botelho Rocha( web artigos)

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