segunda-feira, 21 de junho de 2010

Liderança Servidora

A nobre missão humana de doar-se

Muitas pessoas são reconhecidas como líderes simplesmente por ocuparem posições privilegiadas dentro das organizações. São protegidas pela hierarquia e se colocam em condição de superioridade, impondo ordens a seguidores, subordinados ou dependentes. É o poder que "vem de cima".

Os líderes que atuam dessa maneira buscam segurança no isolamento. Utilizam a autoridade formal como defesa e abusam do poder que possuem, pois acreditam que é a única forma de manterem respeito.

Apresentam um alto grau de individualismo, colocando o próprio orgulho e vaidade acima dos interesses coletivos. Por conta disso, exercem influência de maneira artificial e passageira, causando danos irreparáveis nas relações. O poder é inerente ao posto em destaque, e não propriamente à pessoa.

Mesmo que aparentem cordialidade e democracia, mantém a ameaça velada. Ou seja, cuidam para que o resultado final seja exatamente o que esperam, sem dar margem à negociação. Todos que tentam interferir nesse resultado são humilhados, desvalorizados ou afastados, deixando claro para os que ficam, quem decide e quem detêm o poder.

São inúmeros exemplos de relações de poder que se nutrem das desigualdades. Entretanto, por melhores que sejam as intenções de quem comanda, esse tipo de abordagem gera um distanciamento crescente, que desgasta e leva às crises.

A liderança servidora é justamente o oposto de tudo isso. É pensar coletivamente e doar-se em favor do grupo. É aproximar-se dos outros, desenvolvendo laços de confiança, incentivo e cooperação mútua, em pé de igualdade.

Mesmo quando ostenta títulos e ocupa cargos importantes, o líder servidor não se utiliza da autoridade formal para ser respeitado. Ele não precisa. Prefere inspirar pelo exemplo e atrair aliados, ao invés de seguidores.

O líder servidor pode ser um ativista ou missionário, que manifesta suas opiniões com fluência, despertando crenças e talentos adormecidos. Ele tem o brilho natural da paixão pela causa e contagia os outros com sua coragem. Conquista o direito de liderar o grupo espontaneamente, sem a necessidade de qualquer disputa. Seu poder emerge da própria coerência, atitude e credibilidade, ao longo do tempo.

Normalmente, o líder servidor desponta em situações ou ambientes em que todos são tratados como iguais. É mais fácil atrair e manter aliados verdadeiros quando não existem artifícios que o diferencie dos outros, apenas o magnetismo natural que exerce pela palavra e o exemplo.

De qualquer modo, todas as pessoas podem desenvolver as características do líder servidor, desde que estejam realmente dispostas a agir como iguais. É preciso abrir mão da autoridade formal para que os aliados sintam-se acolhidos e respeitados.

O líder servidor não é melhor nem pior que ninguém. Ele dispensa tratamentos especiais e pede ao invés de mandar. É dessa maneira que ele atua e motiva os outros a evoluírem lado a lado. Ele controla o seu ego e projeta a existência em algo muito maior que o indivíduo. Se entrega plenamente à causa coletiva e trabalha arduamente, para levar sua mensagem em benefício do maior número de pessoas.

O líder servidor não se apega aos resultados físicos. Nada é tão valioso quanto o autoconhecimento e a expansão das próprias capacidades de contribuir com os outros. Ele busca transformação pessoal e espiritual, pois sabe que as recompensas individuais são muito pequenas, se comparadas à realização maior que o impulsiona.
Sua vida tem um grande significado.

Sergio Buaiz - publicitário, escritor, consultor e conferencista. Autor do livro "Marketing de Rede - A Fórmula da Liderança"

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