sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Conquistas até que ponto?

Muito se fala em igualdade entre os sexos, realmente a mulher ao longo dos anos obteve muitas conquistas, direito ao voto, direito a métodos contraceptivos (evitar a gravidez), o direito ao trabalho fora do lar; entrar no mercado de trabalho; divórcio; poder ser eleita para o governo; usar calças compridas; poder matricular-se em curso superior; a mulher casada passa a ter os mesmos direitos do marido no mundo civil; ser livre para adotar ou não o sobrenome do marido; receber salários mais próximos dos pagos aos homens; e muitos outros.
Nós Mulheres Sindicalistas é um exemplo, três mulheres na executiva sendo que ao total na Diretoria somos 13 MULHERES, isso também é uma conquista, pois acredito que está ocorrendo pela primeira vez. Como se sabe ao longo dos anos foram inúmeros os desafios para romper uma cultura em que a mulher servia exclusivamente para desenvolver atividades domésticas, cuidar dos filhos e do marido ou no máximo empreender atividades de cunho artesanal.
As conquistas sem dúvida são imensas, vão desde a permissão para uso de calças compridas, ao direito não só de votar como de ser eleita para um governo. Aos poucos as Mulheres tem provado sua competência, profissionalismo, habilidade de trabalhar em equipe, criatividade e liderança, conquistando mais espaço e rompendo barreiras do preconceito. A atual realidade não deixa de ser uma vitória, porém, há muito ainda a ser alcançado, e apesar de todas essas conquistas ainda há casos como da Iraniana Sakineh Mohammadiz Ashtiani que pode ser morta a qualquer momento por apedrejamento por um suposto adultério cometido anos atrás, ela faz parte do nosso mundo. Portanto, não podemos nos orgulhar plenamente das nossas conquistas enquanto houver costumes como esse onde Sakineh será enterrada até a altura dos ombros somente com a cabeça para fora, para que vários homens joguem sobre ela pedras até sua morte, e tais pedras não podem ser grandes e sim de tamanho médio para que o suplício seja longo.
Claro que a mídia nos apresenta diariamente casos de desrespeito aos Direitos Humanos, e não precisamos ir tão longe (Irã) para termos conhecimento de casos de violência contra mulher, em nossa cidade temos conhecimento de casos de violência doméstica, assassinatos e outros. Mas como disse a cronista Marta Medeiros “estou vestindo a camiseta em defesa de Sakineh. Não há justificativa para a brutalidade. É a lei do Irã, é a religião do Irã, é a tradição do Irã, e daí?” Devemos rezar para que a segunda hipótese se realize “morte por enforcamento” ou devemos levar ao conhecimento de todos para que alguém em algum lugar se mobilize, mas no Brasil foi necessário criar a Lei Maria da Penha que em muitos casos é eficaz.
Diante de tantas adversidades devemos continuar lutando pelo que acreditamos e vestir a camiseta quando julgarmos necessário, independente de sermos ou não julgadas pelo que defendemos. Eu Elisete Heydet Cattelan, Marisa Ourique e Leila Beatriz Gonçalves vestimos a camiseta por Sakineh.

Por Elisete Cattelan
Secretária do SSPMS

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