Um funcionário público que não nos atende como deveria, revolta. O caminhão do lixo que atrasa, incomoda. A fila do banco que não anda, enche o saco. O político que rouba, indigna. E qualquer prestação de serviço público que deixe a desejar é motivo para críticas. Não há perdão. Queremos as ruas limpas, os postos de saúde bem equipados, os médicos sorridentes e os políticos prestando contas todos os dias. Que bom seria se fosse assim, mas não é. Porque, por vários fatores, não tem como ser. É bem simples lançar críticas ao trabalho dos outros e se manter vigilante quanto a isso. É o princípio de uma consciência de cidadania estar ciente daquilo que os outros fazem. O difícil mesmo é estar atento quanto a nossa própria postura e assumir nossas responsabilidades perante aquilo que é público, que deveria ser respeitado por todos.
O que muita gente esquece é que o respeito ao que é da coletividade, começa com a individualidade. E aí que mora o problema, afinal, individualmente somos imperfeitos. Esquecemos de pedir licença, de dar bom dia, de colocar um papel de picolé ou uma lata de refri no lixo, de não avançar sobre a faixa de segurança ou de, simplesmente, recolher a sujeira do cachorro que levamos para passear na praça. Tem coisas que não precisam de lei ou fiscalização, precisam de consciência. E a falta disso indigna tanto quanto o funcionário público que não nos atende, o caminho de lixo que atrasa, a fila que não anda e o político que rouba. Nada do que consideramos errado aconteceria se todos tivéssemos a capacidade de compreender que a coletividade inicia na individualidade. Ou sintetizando: o bom exemplo parte de cada um.
Márcio Brasil
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