Participamos do 3º Congresso Nacional da UGT nos dias 16,
17 e 18 de junho de 2015 em São Paulo-SP, com o Lema: BRASIL: É HORA DE
REFORMAS – Sindicalismo Cidadão, Ético e Inovador.
Com a presença de três mil sindicalistas de todos os
estados do Brasil, do Distrito Federal e observadores convidados de quatro
continentes, a União Geral dos Trabalhadores (UGT) abriu o seu 3ª Congresso
Nacional na noite desta terça-feira, no Palácio das Convenções, do Anhembi, em
São Paulo.
O 3º Congresso da
União Geral dos Trabalhadores segue pelo segundo dia mostrando o que leva entre
suas bandeiras: qualidade de vida e conhecimento por meio do lazer aos
trabalhadores. Entre palestras por reformas pelo Brasil, Desenvolvimento
Sustentável, nos corredores e palco do Centro de Convenções do Anhembi (SP),
onde acontece o evento até esta quinta-feira (18/06), música, arte e trabalho
indígena ambientam e proporcionam uma troca cultural.
A musa da juventude dos anos 80, Fafá de
Belém, abriu o 3º Congresso com o Hino Nacional e falou sobre a importância
desses 30 anos de redemocratização, um marco importante para a política
brasileira, mas também para toda a cultura de um povo. Outro marco da música
também foi a apresentação da Orquestra Sinfônica de SP, que entoou a harmonia
do que será Congresso. Coube a
Fafá de Belém cantar o Hino Nacional na abertura do evento, que lotou o
auditório Celso Furtado no Palácio das Convenções do Anhembi. Com vivas à
UGT, Fafá encerrou sua participação afirmando que não pertence a partido
político algum, mas sim ao partido da democracia e sempre vai estar presente
quando o Brasil precisar. Ela foi aplaudida de pé.
Apresentação da arte
indígena, dança, roda de capoeira, artes plásticas propiciaram a troca de
cultura e mostraram a riqueza cultural do País.
A orquestra Instituto Pão
de Açúcar levou cerca de 3 mil sindicalistas presentes no auditório Elis
Regina, a cantar Demônios da Garoa, Toquinho e se embalar com Vivaldi e
Guerra-Peixe. Ocasião em que o maestro Daniel Misiuk, que conduz cerca de 40
jovens, mostrou a importância do silêncio na música, dando aula de ritmo e da
importância de cada instrumento que compõe uma orquestra.
O evento trouxe hoje
(17/06) o sociólogo e professor Dr. Demétrio Magnolli, o senador Pedro Simon e
o jornalista e diretor do Diap Antonio Augusto de Queiroz. A tarde desta
terça-feira segue com a palestra da ex-ministra Marina Silva, falando sobre
“Desenvolvimento Sustentável com Justiça Social”. Amanhã, a jornalista Eliane
Cantanhede e o professor Dr. Marco Antonio Villa vão tratar da temática futuro
do emprego.
Debates sobre “As
reformas que o Brasil Precisa “ no segundo dia do Congresso
17/06/2015
O segundo dia do 3ª Congresso Nacional da União
Geral dos Trabalhadores (UGT) foi marcado por contrapontos de ideias durante as
palestras do painel “As Reformas que o Brasil Precisa”. Mais uma vez, o
grande número de congressistas no Palácio das Convenções do Anhembi, onde é realizado
o evento, fez a diferença
Coube ao gaúcho Pedro Simon, ex-governador do Rio
Grande do Sul e senador pelo Estado por quatro mandatos e ex-ministro, abrir o
ciclo de palestras. Na sequência, falaram os outros dois convidados, o
sociólogo Demétrio Magnoli, do Grupo de Análises de Conjuntura Internacional e
o jornalista Antônio Augusto de Queiroz, o Toninho, diretor do Departamento
Intersindical de Assessoria Parlamentar.
Aos 85 anos de idade, Simon fez um resumo de tudo o
que viu ao longo dos últimos 50 anos na política brasileira. Disse que Itamar
Franco fez um governo de alta credibilidade, mas que foi debochado pela
imprensa por ser um homem simples.
Sobre Fernando Henrique Cardoso, o ex-senador disse
que a vaidade do ex-presidente falou mais alto e que ele fez “o diabo” para
compra a sua reeleição. Já Lula, teve méritos com programas sociais que tiraram
milhões da miséria. “Mas ele fechou os olhos para a corrupção”, criticou.
INDEPENDENTE
O ex-senador acredita ser a UGT o tipo de central
sindical que deve protagonizar, com a população brasileira nas ruas, o processo
de reformas que o Brasil precisa. “A UGT é independente. Diz sim quando se deve
dizer sim e não quando, não”.
A postura atual de relativa independência do
Congresso frente ao Executivo é positiva, mas as reformas devem sair não da
cabeça dos parlamentares, do Senado e da Câmara, e, sim, do povo, receitou o
ex-parlamentar.
MAGNOLI X TONINHO
Dentro de um clima democrático de avaliações e
propostas de pontos de vista diferentes para as reformas no Brasil, a
programação teve continuidade com os outros dois convidados do dia na mesa “As
Reformas que o Brasil Precisa”, presidida pelo vice-presidente da UGT, o
ex-deputado federal Roberto Santiago.
O sociólogo Magnoli abriu sua palestra fazendo uma
análise da situação atual do País e afirmou que a separação entre sindicato e o
estado é essencial e que esse é justamente o diferencial da UGT. “Lendo os
jornais, vemos diversas peças de um quebra-cabeça que mostra a crise em que
vivemos”, afirmou o sociólogo.
Segundo ele, a aliança entre uma elite empresarial
que privatizou o Estado brasileiro e outra elite, política, está na raiz da
crise econômica que vivemos, na sua avaliação.
Entre os sinais dessa crise estão, de acordo com
Magnoli, o fato de que 22 dos 26 estados brasileiros apresentarem sinais de que
vão ultrapassar os 49% de teto para a folha salarial em seus orçamentos, além
da projeção de que a Previdência vai ter um déficit de R$ 135 bilhões em 2030
caso a Fórmula 95 for mantida. “Temos uma crise previdenciária no horizonte”,
sentenciou.
CONSCIÊNCIA
Encerrando a programação da manhã do Congresso da
UGT, o jornalista Antônio Augusto de Queiroz, o Toninho, também apontou um
quadro de crise grave no País atualmente.
Para ele, existe uma crise na relação aos poderes
da República e frustração em relação ao desempenho do governo frente ao que foi
proposta na campanha presidencial. Toninho, no entanto, a apenas um
governo.
“Houve desvios de condutas”, ele ressalta, sobre os
últimos anos, mas é preciso considerar, segundo ele, que avanços no controle
social, como a Lei da Ficha Limpa, a Lei de Acesso à Informação, a
responsabilização criminal de pessoas jurídicas, que atinge os corruptores, e a
ação de órgãos independentes como o Tribunal de Contas da União e Ministério
Público Federal.
As grandes reformas que o Brasil precisa, para o
diretor do Diap, começam pela cultura, com inclusão social, para que sociedade
perceba que há interesses econômicos em jogo, além, de uma reforma fiscal que
inverta a lógica atual de taxação de salários e consumo e passe a taxar
patrimônio e renda.
Toninho é pessimista de que isso possa ocorrer com
o atual Congresso, de viés conservador, dominado pela bancada BBB. “A bancada
do Boi, da Bala e da Bíblia”, disse.
17/06/2015
- Parte da Tarde
Em mais uma atividade com auditório lotado no
Palácio das Convenções do Anhembi, o 3º Congresso Nacional da UGT recebeu na
tarde desta quarta-feira (17), a ex-senadora Marina Silva como palestrante
convidada.
Marina participou do painel “Desenvolvimento Sustentável
com Justiça Social” e indicou que, entre todas as crises pelas quais atravessam
o País e o mundo, a pior delas é “a crise de valores”.
“As pessoas perderam a lógica de cuidados consigo
mesmas, com os outros e com o Meio Ambiente”, disse Marina. “Estamos vivendo
uma grande crise econômica, social, política, ambiental e também de valores”,
afirmou.
Ainda sobre crise de valores, Marina atacou o
“sistema ético” que se convencionou chamar de ética de circunstância. “Não
fazem (pessoas ) o certo, o legítimo, fazem aquilo que é o melhor para se darem
bem”, constatou.
“Fazem (as pessoas) discurso ético, mas relativizam
tudo em benefício próprio. Este tipo de atitude que prejudica o Brasil, o
mundo”.
Sobre corrupção, Marina afirmou que não se trata de
um mal de um governo ou outro. “Não é um problema da Dilma, do Lula, do
Fernando Henrique Cardoso, é um problema nosso”, disse. Ela deu como exemplo o
caso dos trabalhadores que foram à luta pelos seus direitos, porque os
encararam como um problema deles. "É necessário agir da mesma maneira com
relação à corrupção"
Sobre a representação política, Marina
afirmou para as cerca de 3 mil pessoas da plateia que existe uma crise de
representatividade não só brasileira, mas mundial. “Quando a Revolução Francesa
consagrou esse modelo atual de representatividade (três poderes) havia 1 bilhão
de pessoas no mundo. Hoje, somos 7 bilhões”.
Essa sensação de não ser representado, de acordo a
ex-candidata à Presidência, atinge com maior intensidade os jovens.
Marina defendeu novamente a transformação do País a
partir de uma sociedade sustentável economicamente e socialmente com a mudança
do atual modelo predatório para um modelo sustentável.
“Prosperidade não é sinônimo de acúmulo de riquezas
e sim de bem-estar”, afirmou entre aplausos dos congressistas da UGT.
POBRES
Além de Marina Silva, o painel “Desenvolvimento
Sustentável com Justiça Social” contou com a participação do economista e
ambientalista Sérgio Besserman Vianna, ex-presidente do IBGE, Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística.
Besserman atacou o modelo atual de acúmulo de
capitais e de hábitos consumista durante a sua exposição. Ele indicou que nos
deparamos com um grande desafio na nossa história para os próximos 20 anos.
“Ou enfrentamos a crise ecológica global, por meio
de uma revolução nas próximas duas décadas ou teremos um genocídio. E os mais
pobres é que vão sofrer mais”, analisou o ex-presidente do IBGE. Ele continuou:
se não fizermos nada e a temperatura pode subir não 2° C e sim 5 ou 6° em duas
décadas.
“Não será o fim da civilização, mas cidades
inteiras vão ter que gastar bilhões para serem mais resilientes, resistentes,
às mudanças climáticas, como também alertou o Banco Mundial há menos de seis
meses sobre o tema”, ressaltou.
DESTAQUES
O ministro do Trabalho Manoel Dias afirmou que a
UGT é seguramente a central que mais se preocupa com a organização do
trabalhador e que é fundamental que se façam no País as reformas de base com o
seu apoio. “Não à toa, a UGT recebeu elogios oficiais da durante sua
participação em Genebra da 104ª Organização Mundial do Trabalho”, comemorou
Dias.
Também presente ao evento, o governador de Goiás,
Marconi Perillo, afirmou que a UGT pode ser a central que vai fazer a diferença
na busca de soluções conjuntas entre governos e trabalhadores na luta pelos
direitos trabalhistas.
Gilberto Kassab, ministro das Cidades, outro que
esteve presente à abertura da 3º Congresso Nacional da UGT, que tem como lema
nessa edição “É Horas de Reformas”, disse que a central tem tudo para ampliar
ainda mais os espaços e pregar políticas desenvolvimentistas para o
trabalhador. “A UGT é mais que realidade, é uma bússola do desenvolvimento”,
afirmou o ministro.
O ponto alto da noite de abertura, que levou a
plateia aos de aplausos, coube à sindicalista Mary Kay, presidente do
SEIU-Service Employees International Union, que é o sindicato que representa os
trabalhadores dos setores de limpeza, edifícios e condomínios e vigilância nos
Estados Unidos, Canada e Porto Rico.
Segundo ela, o sonho americano é uma miragem para
cerca de 44 milhões de pessoas que trabalham em dois ou três empregos por
valores irrisórios nos EUA. “Aqui temos a UGT que, com a sua luta e
intercâmbio, posso afirmar, fortalece uma luta global por melhores salários e
garantias sindicais aos trabalhadores da indústria do fastfood”.
Na quinta-feira
no Anhembi se deve definir eleição e posse dos membros da executiva nacional e
do conselho fiscal da UGT para os próximos quatro anos, entre outros temas
relevantes.
18/06/2015
A defesa dos empregos
e a independência do movimento sindical foram os temas que dominaram as
palestras do painel “Trabalho e Desigualdade, o Futuro do Emprego”,
realizado na manhã desta quinta feira (18), último dia do 3º Congresso
Nacional da UGT.
A jornalista Eliane
Cantanhêde, do Estado de S.Paulo, foi a primeira a falar para a grande
plateia de congressistas que compareceu ao auditório do Palácio das Convenções
do Anhembi, sede do congresso. Ela foi seguida pelo historiador Marco Antônio Villa,
que também integrou a mesa.
Para Cantanhêde, o
ex-presidente Lula conseguiu avanços com uma política agressiva de inclusão
social, mas fracassou ao não aproveitar os altos índices de popularidade para
realizar as reformas que o Brasil precisa, como a política e a fiscal.
A jornalista fez uma
análise sobre a conjuntura brasileira passada recente e a atual, de crise, e
afirmou que o quadro de taxas de juros altas, de quase 14% ao ano, risco da
inflação anual chegar a 9% e a retração da economia tornam preocupante a
questão do emprego.
“Era o último bastião
(emprego pleno) dos argumentos da Dilma e motivo de orgulho dela para
conquistar a reeleição e que começa a cair”.
Cantanhêde alertou os
sindicalistas sobre a necessidade de acompanhar a ideia do governo em reduzir
em 30% a jornada de trabalho e os salários trabalhadores como forma de conter o
desemprego.
Pela proposta, divulgada em
matéria da edição de hoje do Estado de S. Paulo, o plano, batizado de Plano de
Proteção ao Emprego, vai consistir na redução da folha salarial de 30% para os
empresários, como forma de manter os trabalhadores ameaçados de demissão.
Do outro lado, o Fundo de
Amparo ao Trabalhador irá repor 15% aos trabalhadores afetados e que, na
prática, teriam redução de 15% nos seus ganhos.
“O sindicalistas têm que
estar atentos a todas essas movimentações. Trata-se de um debate de interesse
nacional a questão do emprego”, disse Cantanhêde.
INDEPENDENTE
O historiador Marco Antônio
Villa disse em sua palestra que os sindicatos têm que ser independentes e lutar
pela defesa dos direitos e regras das aposentadorias, que também estão em
discussão.
Hoje, foram publicadas em
Medida Provisória enviada ao Congresso, regras alternativas à Medida 95/85, com
fórmula progressiva.
Segundo Villa, quando
olhamos a história do Brasil, temos que ficar indignados, porque os governos só
tiram conquistas. Para enfrentar esses ataques aos direitos trabalhistas, Villa
afirmou que é necessário garantir a democracia e a independência
sindical.
Ainda na sua palestra,
Villa criticou com veemência o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os
escândalos aos quais o PT esteve ligado, como o do “Mensalão e o do Petrolão”.
Ele criticou também os
super salários pagos principalmente pelo Legislativo e o Judiciário.
“Uma única senhora recebeu
num único mês do Superior Tribunal de Justiça R$ 600 mil. O Tribunal de Justiça
de São Paulo tem 1,2 mil veículos”, enumerou.
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