sábado, 18 de dezembro de 2010

Sindicalistas classificam como exagerado o reajuste de parlamentares

"É uma demostração de absoluto descaso", afirma presidente do Sindicato dos Médicos

O projeto que aumentou em 61,83% os salários dos parlamentares, em 133,96% o valor do vencimento do presidente da República e em 148,63% no salário do vice-presidente e dos ministros de Estado provoca reações em diversas áreas. Representantes de sindicatos do Rio Grande do Sul se manifestaram insatisfeitos com o reajuste.

Segundo Paulo de Argollo Mendes, presidente do Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Sul (Simers), a medida é uma afronta aos trabalhadores. Em Porto Alegre, onde o piso da categoria é de 2,6 mil, o último reajuste salarial foi de 7%, em maio.

— É completamente desproporcional ao rendimento usual. É descolado da realidade em que vive o povo brasileiro, uma demostração de absoluto descaso — ressaltou.

Sobre a declaração do deputado Claudio Diaz, do PSDB, que afirmou que "o deputado que exerce o seu papel com o devido respeito e o devido rigor merece um salário equivalente ao maior existente no país", Mendes salienta que "as responsabilidades dos médicos também não são tão pequenas."

Alfredo Gonçalves, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre, cujo último reajuste salarial recebido foi de 9,5 %, compartilha da mesma opinião.

— É um absurdo em relação à condição de vida do brasileiro. Milhões vivem com um salário mínimo. Enquanto uns trabalham 44 horas semanais e lutam todo ano para ter um reajuste acima da inflação, na calada da noite, aumentam o salário deles em 61%.

O vice-presidente da Federaçao dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag), Nelson Wild, salienta que este valor terá repercussão também nos Estados. Parlamentares de 20 Estados devem seguir exemplo do Congresso e aumentar os próprios salários. Ele afirma que, em relação aos índices de salário mínimo, o aumento representa um valor extremamente alto.

— Ele foge a qualquer patamar. O salário mínimo se eleva na faixa de 9%, 10% ao ano. Não somos contra que recebam reajustes, agora, em níveis razoáveis de crescimento do País e, ao mesmo tempo, que ocorra uma valorização maior do salário mínimo.

Seguindo o retrato das votações na Câmara e no Senado, a maioria dos parlamentares federais gaúchos é favorável ao aumento.

FONTE: ZERO HORA

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